SINDICATTO

Diário de Bordo - Snorks no Vaca Amarela 2009

09:51 by Mikhail Favalessa


documentos e passagens

Goiânia é foda. Acho que essa é a melhor frase pra começar o diário da ida do Snorks pro Vaca Amarela 2009. Festival muito bem organizado, público insano e receptivo, muitas bandas boas, e gente bonita pra todo lado. Mas bora começar do começo (!).


no avião

Saímos de Cuiabá rumo a Gyn (com escala em Brasília) ainda na madrugada de sábado (05h55 era o vôo, sem atraso). No mesmo vôo tava o Linha Dura e o P. Brother que iam tocar na LIIBRA (a liga de basquete de rua da que a CUFA faz) com o MV Bill, também em Goiânia. Só encontramos eles rapidinho, e já embarcamos no avião pro Edson enfrentar o maior desafio dele nos últimos tempos: Andar de avião pela primeira vez na vida. Depois de uma tremedeira na subida ele ficou mais tranqüilo e até arriscou umas olhadas pro chão. No trecho de Brasília a Goiânia ele já tava sentado na janela rsrs.


na porta do hotel com Léo e Nowah

Chegando ao aeroporto de lá, logo encontramos o Linha, o P. Brother e o DJ Gio de Campo Grande que ia tocar com eles, e fomos fazer um lanche rápido e trocar idéia enquanto a van do Vaca Amarela não chegava pra buscar a gente. Terminando de comer fomos logo pra frente do aeroporto na esperança de não ter marcado e perdido a carona (rs.), e depois de uns 5 minutinhos a van chegou. Nela quem vinha coordenando todo o translado do festival era o Léo do coletivo Pequi (Inhumas), um dos pontos do Fora do Eixo Goiás, que logo de cara já mostrou a cara do que seria o festival: do aeroporto até o hotel trocando idéia, cara gente boa, e um estímulo típico de integrante do Fora do Eixo. Já no hotel, encontramos João Lucas e Pablo Kossa (Fósforo) organizadores do festival, Nowah também do Pequi, e fizemos o check-in. Banho rápido pra tirar um pouco do cansaço da viagem de madrugada, e já fomos pro hall do hotel participar da reunião do Circuito Fora do Eixo que tava rolando por lá. Pablo Capilé (Espaço Cubo), Marielle Ramires (Espaço Cubo), Fabrício Nobre (Monstro), Pablo Kossa (Fósforo), Sérgio Ugeda (Tronco), Tião (Pequi), Nowah (Pequi), Léo (Pequi), João (Pequi) Pedro Reator, pessoal da Boddah Diciro... enfim, uma galera de peso na reunião debatendo encaminhamentos principalmente pra rede de Goiás e também, projeto Toque no Brasil, Agência Fora do Eixo e etc. Depois disso só que nos restava era almoçar e cair na cama pra agüentar o pique da noite que viria.



Acordamos 5 da tarde, nos arrumamos e logo já tava todo mundo entrando na van com o Dimitri Pellz (MS), banda do Jean que já encontramos várias vezes em Cuiabá e outras cidades – afinal ele toca em pelo menos umas 3 bandas rs. – Revoltz e Impossíveis além do Dimitri. O local do festival era simplesmente o espaço mais bem falado pra shows de rock no circuito: o Martin Cererê. E foi só chegar lá pra constatar isso. Espaço aberto (grande) com barzinho (mesas, cadeiras etc.), espaço pras barracas de produtos, espaço livre pra galera descolada rsrs. E aí vem a parte principal: 2 teatros com acústica impecável, som de alto nível que a Fósforo colocou, atendimento massa no palco (o Japão, técnico de som, é uma figura), enfim toda a estrutura bem preparada. Chegamos já na terceira banda, a Girlie Hell, de Goiânia mesmo. Eram 5 meninas fazendo um som no naipe do The Donnas, cantando em inglês, com visual legal e bem ensaiadas. Depois delas, mais mulher no palco, mas só no vocal dessa vez. Era o Dimitri Pellz (MS) que foi com a gente na van. Eles iam de um som melancólico e dark pra um lance dançante e alegre de maneira rápida, e agradaram bastante todo mundo que tava ali – principalmente os cuecas que ficavam babando na Maíra. A pesar de o show estar bom, a gente nem viu o final e já fomos nos direcionando pro camarim pra pegar os equipamentos, afinar tudo pra passarmos o som naquele mesmo palco que o Dimitri tocava.

E cara, o ar-condicionado daquele teatro tava quebrado! E Goiânia nem é tão mais fresca que Cuiabá não... imagina o fervo. Fizemos um set “pau dentro”. Várias músicas coladas umas nas outras, todas tocadas com força, com vibe.... fizemos o melhor no meio daquele calor infernal. A galera que tava na frente do palco tava curtindo com a gente, pogando, fazendo roda, fazendo gesto, fazendo caras e bocas, e aplaudindo! Feedback bem legal mesmo! Prova do esforço foi a camiseta do Edson derramando litros de suor depois do show. Tem vídeo mostrando isso (depois a gente solta o registro audiovisual). Pós show ainda demos entrevistas pra um blog que eu infelizmente não vou lembrar o nome agora e pra Web TV Fora do Eixo, e saímos pra curtir a balada que já começava a bombar. Show mesmo eu voltei a ver só lá no Woolloongabbas, que tava insano. Depois deles, veio uma das bandas que chamou bastante atenção pelo som e que a gente conseguiu trocar idéia também antes da apresentação deles, o Atomic Winter. Hardcore melódico no alto grau, com voz na vibe de Rise Against, instrumental bem feito e etc. Nessa hora o teatro tava cheio já, e as rodinhas comendo soltas. MQN, Johnny Suxxx e Mugo foram as catarses que mostraram o que o público de Goiânia sabe fazer melhor: pirar nos shows! 3 shows paulada, um atrás do outro, com gente subindo pelas paredes, subindo nas grades, gritando, invadindo show, jogando cerveja, cantando... loucura demais!


print do vídeo gravado com o Allyand

Durante o show do Johnny Suxxx a gente ficou ainda um tempo lá fora trocando idéia com o Allyand (Dead Fish) sobre cenário hardcore, Circuito Fora do Eixo, Hardcore Fora do Eixo, etc. com Felipe mostrando todo seu espírito descolado e antenado, e o Allyand mostrando que dentro do hardcore tem gente que visualiza o mercado da música no Brasil de um jeito bem parecido com o do CFE.



Depois, o que sobrou foi ir lá curtir o show deles né? Teatro lotado (com o Kossa pedindo calma pra todo mundo enquanto iam ocupando o espaço), rodinhas durante todo o show, calor infernal mesmo com ar-condicionado, banda tocando na pressão uma música atrás da outra, enfim, aquele caos todo que um bom show de hardcore tem que ter. Dead Fish dá aula. Quebrados, voltamos logo logo pro hotel e dormimos com aquela sensação boa de dever cumprido.



No domingo, acordamos e arrumamos logo tudo pra fazer o check out e deixar as coisas guardadas no hotel enquanto íamos pro Centro de Eventos de Goiânia ver as palestras do Vaca. Antes, claro, um almoço com comida caseira num restaurante perto do hotel pros 3 se encherem.



A primeira palestra foi a de cultura cidadã com o Daniel Zen (Coletivo Catraia, Fundação de Cultura do Acre, Fora do Eixo, Abrafin, Rede Música Brasil e por aí vai) e o Léo Pereira (jornalista, publicitário, dramaturgo e ativista cultural de Goiás). O debate começou em torno da idéia de artista protagonista e com ação engajada e não necessariamente com uma produção artística engajada. Também tocaram ali em um tema bastante latente até mesmo no festival (como o próprio Kossa contou ali os meandros do Vaca Amarela com a Lei de Incentivo), que são as políticas públicas para a cultura. Bacana ver que por lá eles andam se organizando, e estão fazendo as provocações com gente até de produção circense pra participarem das discussões da Conferência de Cultura. Também foram pro outro lado, o da representação (e não da ação direta), e falaram sobre ter um figura forte no plenário que vista a camisa da cultura (como acontece com outras áreas) e aperte o debate em cima de várias PEC’s que estão em trâmite.



A segunda palestra foi sobre gestão de casas de shows com o Claudão Pilha (A Obra – MG) e o Rafael Bandeira (Hey Ho Rock Bar – CE), ambos membros principais das Casas Associadas. Eles basicamente explicaram todo o portfólio que têm com suas casas de show, toda a experiência com a música independente, com as dificuldades de mercado, criatividade pra superar a falta de grana e etc. Cases impressionantes, realmente. Por lá ainda conversamos um pouco com o Eduardo (aka Inimigo do Rei, membro do Sangue Seco) e andamos na Feira do Empreendedor que exibia estandes com produtos dos mais variados (de máquina de sorvete a criação de coelho), pequenos shows, uma praça de alimentação bem utilizada por nós, e claro, toda a beleza goiana que não passou em branco durante toda a viagem. De volta no hotel, só pegamos as coisas e fomos com o Batata (Fósforo) pro aeroporto pegar nosso vôo de volta. O bônus foi encontrar Pablo Capilé, que ia no mesmo vôo, e ter mais uma daquelas conversas que só rolam com ele. Gás renovado demais.


com o Rodrigo (Dead Fish)

E no final das contas, eu volto lá no começo: Goiânia é foda! Deixamos, claro, abraços e agradecimentos pra João Lucas, Pablo Kossa, Léo, Nowah, João, Pedro, galera do Atomic Winter, Batata, Allyand, e todo mundo mais que deu aqueeela força por lá, e fez questão de trocar idéia, tecnologia e etc! Daqui a pouco é o Calango por aqui, mal podemos esperar.

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